quarta-feira, 28 de abril de 2010

Carro elétrico da CPFL é autorizado


Publicada em 28/04/2010 pelo Correio Popular. Por Patrícia Azevedo.

Modelo que elimina emissão de gases poluentes tem aval do Denatran e já pode ser licenciado

A CPFL Energia recebeu autorização do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para colocar em circulação um carro elétrico desenvolvido em parceria com a Edra Automotores. O veículo, que agora pode ser licenciado, será disponibilizado aos Correios para que sejam feitos testes de desempenho da nova tecnologia, que evita a emissão de gases poluentes. Antes de ser liberado para circulação nas ruas, o protótipo passou por uma reformulação. Recebeu uma bateria de lítio, teve o sistema de freio traseiro redimensionado, ganhou nova geometria para supensão e novas molas.

A autorização foi confirmada ontem no Seminário Empresas pelo Clima, que reuniu, em Campinas, empresários e representantes do governo para discutir alternativas para frear o aquecimento global no Brasil.

O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Júnior, destacou, durante o seminário, a importância do Brasil investir na produção de carros elétricos para atingir a meta de redução de gases do efeito estufa firmada em 2009. "Daqui a cinco anos, 10% da frota mundial será de carros elétricos, temos que nos preparar. Isso pode ser um diferencial do Brasil" , disse. Segundo ele, o motor elétrico tem 90% de eficiência energética, enquanto que nos motores movidos a combustão esse índice fica em 35%. Outro benefício para o consumidor, segundo ele, é a redução do preço do quilômetro rodado com energia elétrica, que representa um quinto do gasto com outros combustíveis.

O Brasil, porém, ainda não produz esses carros em escala comercial. Atualmente, há taxas de até 30% para a importação do modelo. Segundo o presidente da CPFL, o único modelo disponível no mercado é da Noruega. "Vamos trabalhar com as autoridades para reduzir essas barreiras."

O protótipo faz parte do programa de veículos elétricos da empresa, iniciado há cinco anos. A empresa ainda investe em pesquisas com motos elétricas por meio de uma parceria com Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os modelos, do tipo scooter, têm uma autonomia de 80 quilômetros e levam oito horas para recarregar a bateria.

Já o modelo de carro desenvolvido em Rio Claro é feito com materiais recicláveis e é ecologicamente correto, ou seja, não emite gases nocivos ao meio ambiente.

Fabricado em alumínio, o modelo ganhou autonomia com a nova bateria e pode rodar por até 120 quilômetros antes de recarregar - antes, a distância percorrida chegava a 50 quilômetros. A empresa não divulgou o tempo estimado de reabastecimento.

Com a mudança na suspensão do veículo elétrico, a caixa de direção foi reposicionada e deixou o automóvel mais leve para dirigir, segundo a CPFL. As novas molas, ainda conforme a empresa, melhoraram a estabilidade e a dirigibilidade do veículo e, por isso, os freios também precisaram ser redimensionados.

O NÚMERO 1

MILHÃO DE REAIS É o valor aplicado pela CPFL no projeto de elaboração de modelos de veículos elétricos

O veículo movido a energia elétrica

O modelo elétrico apresentado pela CPFL pode rodar até 120 quilômetros carregando uma carga de 350 quilos.

O percurso pode ser cumprido a uma velocidade de 80 km/h.

O carro tem espaço para duas pessoas.

Ele é abastecido em estações elétricas, que recarregam a bateria do motor, Brasil

O País já produz veículos elétricos, porém, eles ainda não são fabricados em escala industrial.

Mais projetos

Desde 2006, a CPFL também participa do programa de veículos elétricos Fiat-Itaipu, juntamente com outras concessionárias de energia do País.

Brasil aposta em fontes de energia limpa

O consultor do Ministério do Meio Ambiente Tasso Azevedo disse ontem em Campinas que o Brasil é um dos países que mais pode sofrer as consequências das mudanças no clima se não houver uma política internacional voltada para a redução de poluentes. "Isso nos afetará diretamente. Se só o Brasil reduzir as emissões, isso não resolverá o nosso problema, é preciso envolver outros países" , disse. Para diminuir a emissão de gases, o País aposta no desenvolvimento de fontes de energia limpa. Durante o Seminário Empresas pelo Clima, o presidente da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), Wilson Ferreira Júnior, disse que a empresa está investindo pesado na geração de energia não-poluente. "Investimos R$ 800 mil na construção de sete parques eólicos no Rio Grande do Norte e neste ano queremos dobrar esses investimentos. Apostamos muito nessa tecnologia" , completou. Outra fonte de autuação da empresa tem sido na criação de usinas de co-geração com resíduos como a palha da cana.

Um grupo de empresários, autoridades e ambientalistas decidiu, em evento no Espaço Cultural CPFL, em Campinas, adiar em quatro semanas a apresentação de um documento com propostas para regulamentação da Política Nacional de Mudanças Climáticas. A carta será encaminhada ao Congresso Nacional.

O documento com as propostas deveria ter sido concluído ao final do evento. De acordo com os organizadores, porém, será preciso um tempo maior para elaboração do que foi discutido.

O Grupo de Trabalho Empresas pelo Clima reúne pelo menos 30 grandes empresas nacionais, entre elas a CPFL, a Vale, Camargo Corrêa, Alcoa e Bradesco. De acordo com Caio Magri, assessor de políticas públicas do Instituto Ethos, essas empresas terão o grande desafio de reduzir a emissão de gases do efeito estufa sem afetar a produção industrial e energética.

Em 2009, um grupo de empresários redigiu uma Carta Aberta ao Brasil sobre as Mudanças Climáticas e a apresentou à Presidência da República. A carta sugeria uma série de medidas como a produção e publicação de estimativas anuais de emissões de gases do efeito estufa no Brasil.

O presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew, afirmou que a iniciativa dos empresários foi vital para que o Brasil adotasse as metas de redução de emissão de gases do efeito estufa. A carta foi muito importante e impulsionou o governo brasileiro a adotar as metas , contou. O maior desafio agora é compatibilizar a lei federal com as leis estaduais e municipais , disse.

A Diretora do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Thaís Juvenal, abordou o andamento da regulamentação da Lei no governo federal e, de acordo com ela. Ela apresentou um cronograma que prevê para até agosto a conclusão dos planos setoriais compromissados na Cop 15, encontro realizado em 2009 para a prevenção de desastres climáticos. Não tem como avançar na agenda sem um engajamento de setores relevantes.

Especialistas que participaram do Seminário Empresas pelo Clima acreditam que a indústria tem papel fundamental na redução do aquecimento global. Segundo Tasso Azevedo, um dos consultores de floresta e clima do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil pode ser muito afetado por causa do aquecimento global. É um país que depende muito de sua agricultura e da água. Por isso é importante uma iniciativa como essa, que não espera o pior , disse.

Precisamos entrar nesse mundo novo da economia de baixo carbono. Será bom e acontecerá de qualquer modo , disse o diretor de Comunicação Empresarial da CPFL, Augusto Rodrigues . (Inaê Miranda/Da Agência Anhanguera)

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