As negociações climáticas globais podem adentrar 2011 depois do relativo fracasso da conferência de Copenhague no mês passado, disseram na sexta-feira à Reuters o chefe climático da ONU e a nova ministra dinamarquesa para o clima.
A conferência de Copenhague deveria ter definido um novo tratado climático global para substituir o Protocolo de Kyoto a partir de 2012, mas o encontro terminou apenas com uma declaração de caráter político.
Yvo de Boer, chefe do secretariado climático da ONU, disse que não há garantias tampouco de que o novo tratado será aprovado no México, cenário da próxima reunião ministerial sobre o tema, em dezembro.
"Se podemos alcançar um acordo no México ou se precisaremos de um tempo a mais é algo que resta por ver, e ficará claro ao longo do ano", disse Boer, que participa na Suíça da reunião anual do Fórum Econômico Mundial.
Executivos participantes do evento disseram, no entanto, que há interesse em investir em tecnologias de baixa emissão de carbono a despeito dos resultados das negociações globais.
Para De Boer, "uma das lições de Copenhague foi não apressar, usar o tempo necessário para obter o pleno envolvimento de todos os países e assegurar que as pessoas estão confiantes no que está sendo definido".
Para De Boer, "uma das lições de Copenhague foi não apressar, usar o tempo necessário para obter o pleno envolvimento de todos os países e assegurar que as pessoas estão confiantes no que está sendo definido".
A falta de confiança entre os governos e a crise econômica global complicam a busca por um acordo. Na quinta-feira, o principal negociador climático da Índia, Sham Saran, disse que o mundo "provavelmente não" irá definir um tratado ambicioso neste ano se não houver melhorias econômicas.
O impasse no mês passado ocorreu principalmente por causa da relutância dos grandes países emergentes em assumirem metas de redução de emissões de gases-estufa, e da falta de acordo sobre mecanismos financeiros e tecnológicos para ajudar países pobres a se adaptarem à mudança climática.
A Dinamarca mantém a presidência do processo climático da ONU até o encontro de dezembro em Cancún. A nova ministra do Clima do país nórdico, Lykke Friis, admitiu que é cedo para falar em sucesso no México.
"A meta final é alcançar um acordo de cumprimento juridicamente obrigatório, mas é cedo para dizer se isso ocorrerá no México. Ninguém tem o plano de jogo completo para chegar a Cancún, é isso que estamos tentando encontrar agora".
A Dinamarca ainda não sabe, por exemplo, com que valor cada país industrializado contribuiria para o fundo de 30 bilhões de dólares destinado a ajudar os países pobres a combaterem a mudança climática no período 2010-12, conforme ficou acertado no texto final da conferência de Copenhague.
O presidente mexicano, Felipe Calderón, disse que "a falta de consenso está relacionada aos problemas econômicos em cada nação, porque há custos econômicos associados à tarefa de enfrentar a mudança climática".
"Queremos em Cancún um acordo robusto, abrangente e substancial", disse ele. "Precisamos tentar aprender com nossos erros (...), precisamos devolver a confiança entre as partes".
De Boer afirmou que os países devem marcar reuniões técnicas adicionais neste ano, além das duas já previstas para Bonn, em junho, e para o México.
Ele se disse "muito contente" por receber na quinta-feira a confirmação de que os EUA haviam cumprido o prazo de 31 de janeiro para formalizar suas propostas de redução das emissões, cifras que devem constar no Acordo de Copenhague, que não terá caráter obrigatório.