Em meio a um vasto mar verde, recheado de uma biodiversidade rica e única no planeta, imensos clarões roubam a magnitude da paisagem. Mesmo do alto, é fácil avistar a terra seca, preenchida de pequenas toras, restos de arvores, sinais de um desmatamento acelerado, desmedido e ilegal.
Essa foi a visão que comoveu e preocupou um grupo de atores da rede Globo que sobrevoavam a floresta amazônica durante a gravação da mini-série “Amazônia – de Galvez a Chico Mendes” exibida pela emissora entre os meses de janeiro a abril deste ano.
Até então, entre os atores a preocupação com essa importante floresta era a mesma comum a maioria das pessoas, ou seja, uma visão distante e pouco interessada. Aquele sentimento de “eu não posso fazer nada”.
A visão foi tão assustadora que os motivou a criarem o movimento “Amazônia para Sempre”, onde através de um site recolhem assinaturas para que seja criada uma lei de proteção total a Amazônia. O endereço da página é http://www.amazoniaparasempre.com.br/, lá também é possível ler um manifesto escrito pelo ator Juca de Oliveira, onde ele fala da necessidade e urgência de preservação daquela região.
O caso dos atores não é um fato isolado. Embora ainda seja cedo para dizer que o Brasil abriu os olhos para o desmatamento da Amazônia, a preocupação com esse problema tem crescido nos últimos anos. Tanto que registramos o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três Estados de São Paulo.
Ainda de forma tímida a sociedade vem se mexendo e criando maneiras de lutar contra esse atentado. Um exemplo disso foi um projeto anunciado há pouco mais de um ano, através de uma inédita, e até então improvável, parceria entre ONG’s ambientais, empresas exportadoras e lideres do agronegócio brasileiro, que anunciaram a Moratória da soja. Um projeto que determinava que as empresas não comprariam ou comercializariam soja que fosse proveniente de novas áreas de desmatamento na região do bioma amazônico, durante os próximos dois anos. É bom salientar que de acordo com o código florestal brasileiro, produtores são obrigados a conservar 80% da área nativa de suas propriedades, podendo, portanto, utilizar 20% da sua área para produção agrícola. Contudo, a moratória pede ao produtor que vá além da lei, preservando o bioma integralmente.
A soja plantada nessa região representa pouco mais de 0,3% da produção nacional e cerca de 1,6% da área desmatada no bioma. Pouco, mas que está sendo trabalhado para que não tome proporções problemáticas.
Os primeiros resultados do projeto foram anunciados em uma reunião em São Paulo que colocou lado a lado o presidente do Greenpeace Paulo Adario e Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Industrias de Óleos vegetais, Abiove, discutindo as questões de proteção ao bioma. O trabalho conjunto entre uma Ong ambiental e um representante do setor agrícola., mostra o quanto é possível, através da união e trabalho, propor alternativas aos vários problemas que envolvem as questões ambientais. Tanto o movimento Amazônia para sempre, quanto o projeto da Moratória da soja, ambos em defesa da floresta, mostram que existem diferentes caminhos para se lutar e que todos, de uma forma e de outra, podem e devem se envolver nessa importante questão. A luta pela preservação do bioma amazônica é responsabilidade de todos nós.
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